Caríssimo vizinho do 3c e afins (outra vez e por fim)
Não quero mais falar de abortos. Para aborto basto-me eu. J.B.A. – outros blogs, outras conversas – alertou me para o facto de isto ser um discurso de surdos. Realmente é verdade. Todos se podem revestir de todos os argumentos que querem mas a verdade é que o conceito/definição de Vida e impossível de dar – independentemente das habilidades que um feto/embrião possa fazer.
Aquilo que sempre alertei é para o facto de haver uma incerteza grande o suficiente para haver muita confusão – e não certezas tão absolutas como toda a gente me parece ter. Alertei para o facto de todo o metadiscurso estar baseado numa crença pessoal e intransmissível – coisa que ninguém ainda discordou. E por aqui me calo que estou um bocado farto desta m*.
Até por que hoje em conversa com J.B.A. fui alertado para uma peculiaridade engraçada. Discute-se o sexo dos anjos. Em Portugal há uma lista de espera tão grande que quando se realizar tal cirurgia, muito provavelmente, já a criança nasceu. É realmente o sexo dos anjos, porque neste canteiro à beira mar plantado não se passa mesmo nada – nem um abortozito de quando em vez para animar o pessoal, é uma chatice não há cartazes na rua e etc….
Não quis chocar nem ferir susceptibilidades com este discurso, mas um blog onde todos concordam é uma chatice. E acho que sabem o que penso sobre essa temática (a da chatice). Não o fiz por provocação (a do aborto), fi-lo porque acho que toda esta conversa e resumivel a um ponto que ninguém quer muito confrontar-se com ele.
Como nota final gostaria de enunciar a minha posição sobre isto tudo: Pessoalmente não faria um aborto – até porque last time i checked i was a guy… – mas tambem não o encorajo. Perante a dúvida da existência da Vida prefiro não arriscar. Parece me mais razoável. Mas se votasse votaria a favor – talvez não a favor da despenalização – mas sim da descriminalização. É uma decisão pessoal baseada em crenças que são, de todo, absolutas. Cada um deve pesar a sua decisão com os pesos que tem – ninguém e desconfio que nem mesmo Deus, embora acredite que possa estar errado – ninguém pode censurar que se alguém tiver os pesos errados tome a decisão errada. Eu pessoalmente não arrisco. Mas se houver quem estiver disposto então decida ela e encare ela mesmo as consequências. Por isso vale a pena pensar bem. Não me considero assim tão grande para me impor contra alguém, muito menos sem certezas de facto. E pronto não escrevo mais sobre isto. Acabou. (ponto).
Aceito com toda a certeza o abraço do meu vizinho do 3º andar, e se ele me souber identificar peço lhe que me dê uma palavrinha no elevador. Porque embora estes escritos lhe estejam endereçados a explicação por detrás disso é bem mais simples e descomplicada do que possa imaginar. Nada do que foi por aqui escrito lhe foi especialmente destinado – só mesmo estas alineazitas. Alem disso levantou um ponto importante que ainda não tinha pensado. E já agora não lhe retribuo o abraço até me dar essa palavrinha no elevador. Nessa altura dou lhe dois. Se assim quiser, claro.
Abraços, beijinhos e indiscrições afins a todos
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