sábado, setembro 1

Papa com Ele

A única entidade, segundo os cânones da Igreja Católica, que contacta com Deus – através de uma ligação íntima com Ele e através da assistência sobrenatural do Espírito Santo – é o Papa. É esta singular característica que possibilita o dogma da infalibilidade papal e lhe confere o poder de interpretar a Bíblia sem possibilidade de erro a respeito da fé nem da moral.

Este poder de infalibilidade papal é, para mim, coisa de torcer o nariz. Acho curioso que um ser humano - e imperfeito - seja infalível e irrevogável, mesmo que as questões infalíveis sejam «ex cátedra».

É também muito curioso que Deus escolha, na sua omnipotência e omnipresença, manifestar/contactar (quase) unicamente com o chefe da Sua Igreja. Porque não manifestar-se aos califas e dalai lamas deste mundo? Ou até mesmo iluminar a vida de algum (in)fiel mais escurecido, mais perdido?


Nestas férias imaginei um desses contactos do Omnipotente com o actual Papa Bento XVI (Ex-Cardeal Joseph Ratzinger)

Deus: Ó Zé! Tas a dormir?
Bento XVI: Agora já não…
Deus: Ouve lá… Acho que fiz uma asneiras nesta brincadeira… Vê lá se me das uma mãozinha a arranjar as coisas, ok?
Bento XVI: São 4 da manhã. Marca uma audiência e depois falamos. Amanhã entro as 8 e meia. Pós amigos há sempre um tempinho.
Deus: Mas amanhã é Domingo e Eu não trabalho… Aquela história do 7º dia lembras-te?
Bento XVI: Olha que esta! O Sr. Omnipotente não faz horas ao Domingo… Vai mas é trabalhar, malandro…

O Papa virou-se para o lado onde dorme melhor. É importante descansar já que, ao contrário do Outro, ele não tem muitos poderes.
Nessa noite entrou o louco na Praça de S.Pedro que, correndo de um lado para o outro com uma lanterna acesa, perguntava: «Onde estás, Deus? Estás aqui?» Ele não apareceu.


O mundo continua a girar em torno do Sol.
Não basta.

Está tudo em ordem.
Estará?

Consciência.
Até que ponto sou livre para tê-la?

A moral, a ética e o bem.
Onde? Quando? Quem?

Equívocos.
De todos Nós.


A perfeição não é singular, é plural.
Resta saber qual a Pluralidade.