Pais... (maus)
"Ontem, através do meu filho mais novo, veio parar-me às mãos um texto distribuído às crianças do ATL que ele frequenta. Confesso que costumo ler os diversos papéis que me mandam das diversas escolas dos meus filhos, na diagonal, mas, curiosamente, a este, li-o de fio a pavio.
Como não vinha assinado, não tenho maneira de pedir autorização ao autor para o publicar, mas parece-me que o que importa a quem o escreveu é que chegue ao maior número de pais possível.
Vale a pena lê-lo.
Deus abençoe os pais maus!
Um dia, quando os meus filhos forem crescidos o suficiente para entenderem a lógica que motiva um pai, eu hei-de dizer-lhes:
- Amei-vos o suficiente para ter insistido para que juntassem o vosso dinheiro e comprassem uma bicicleta, mesmo que eu tivesse possibilidades de a comprar.
-Amei-vos o suficiente para ter ficado em pé junto de vós, duas horas, enquanto limpavam o vosso quarto- trabalho que eu teria realizado em quinze minutos.
-Amei-vos o suficiente para vos obrigar a pagar a pastilha que "tiraram" da mercearia e dizer ao dono: "eu roubei isto ontem e hoje queria pagar"
-Amei-vos o suficiente para ter ficado em silênçio, para vos deixar descobrir que o vosso novo amigo não era boa companhia.
-Amei-vos o suficiente para vos deixar assumir a responsabilidade das vossas acções, mesmo quando as penalizações eram tão duras que me partiriam o coração.
-Amei-vos o suficiente para vos ter perguntado: "onde vão? com quem vão? e a que horas regressam a casa?".
-Amei-vos o suficiente para vos deixar ver a fúria, desapontamento e lágrimas nos meus olhos.
-Mas, acima de tudo, eu amei-vos o suficiente para vos dizer NÃO, quando sabia que me irirma odiar por isso.
Estou contente. venci, porque no final vocês também venceram. E qualquer dia, quando os vossos filhos forem suficientemente crescidos para entenderem a lógica que motiva os pais, vocês irão dizer, quando eles vos perguntarem, se os vossos pais eram maus, que sim, que eram os piores pais do mundo, porque:
- Enquanto os outros míudos comiam doces ao pequeno almoço, nós tínhamos que comer cererais, tostas e ovos.
-Os outros míudos bebiam Pepsis ao almoço e comiam batatas fritas, enquanto nós tínhamos que comer sopa, prato e fruta. E, não vão acreditar!, os nossos pais obrigavam-nos a jantar à mesa, o que era quase uma prisão. Tinham que saber quem eram os nosso amigos e o que fazíamos com eles.
-insistiam em que lhes disséssemos que íamos sair mesmo que demorássemos só uma hora, ou menos.
-Nós tínhamos vergonha de admitir mas eles violaram uma data de leis do trabalho infantil: nós tinhamos que fazer as camas, lavar a loiça, aprender a cozinhar, aspirar o chão, engomar a nossa roupa, ir despejar o lixo, e todo o tipo de coisas cruéis. Eu acho que eles nem dormiam, a pensar e mais coisas para nos mandar fazer.
-Eles insistiam conosco para lhes dizermos a verdade, e apensa toda a vedade e nada mais que a verdade.
-Na altura da nossa adolescência eles conseguiam ler os nossos pensamentos o que tornava a vida mesmo chata.
-Os nosso pais não deixavam os nosso amigos buzinarem para nós descermos. Tinham que subir, bater a porta para eles os conhecerem.
-Enquanto toda a gente podia sair com doze ou treze anos, nós tivemos que esperar pelo dezasseis.
- Por causa dos nosso pais, nós perdemos expriências fundamentais da adolescencia: nenhum de nós este alguma vez envolvido em actos de vandalismo, em roubos, violação de propriedade, nem foi preso por algum crime.
Foi tudo culpa deles.
Agora que já saímos de casa, somos adultos, honesots e educados, estamos a fazer o nosso melhor para sermos "maus pais" tal como os nossos pais foram.
Eu acho que este é um dos males do mundo de hoje: não há suficientes maus pais."
byMafalda Belmonte
Eu não sei, mas até que ponto não seremos nós mesmo maus filhos...
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